Introdução

Mãe de 3 filhos (Rodrigo, Philippe e Fernanda), avó (quatro netas: Eduarda, Mirela, Luna e Laura), Supervisora Educacional, Profª aposentada de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira; Pedagoga e Pesquisadora, Graduada em Letras e Pedagogia e Pós-Graduada (Especialista em Língua Portuguesa e Iniciação Teológica); Mestre em Letras e Ciências Humanas. Trabalho muito, estudo bastante, adoro pesquisar, ler boas obras; folhear jornais e revistas, assistir telejornais; viajar, ir ao Shopping, utilizar a Internet. Crio algumas "quadrinhas", gosto de elaborar projetos que não sejam engavetados.

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quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Quanto você se dedica a aprender mais sobre si mesmo?


FRANCINE LIMA
Arquivo / Época
Francine Lima 
Repórter de ÉPOCA, escreve às quintas-feiras sobre a busca da boa forma física
É tempo de retrospectiva, de balanço. O ano está terminando, e chega o momento de avaliar o que fizemos dele para traçar novas metas para o ano que vem. As suas metas para 2010 foram alcançadas? Todo ano você cumpre com todos os planos que traçou? O que foi que deu errado? Será que as metas estavam mal calculadas ou você fracassou mesmo? Como você lida com essas perguntas? Consegue respondê-las numa boa, sem mágoas contra si mesmo? Duvido. 

Eu confesso que há anos não consigo realizar a maioria das minhas expectativas de ano novo. E desconfio que venho cometendo dois erros fundamentais. Um deles é que eu não sabia traçar metas. Metas envolvem clareza de objetivos, métodos e possibilidades, e nada disso estava muito claro para mim. O outro erro era não me conhecer o suficiente para saber o que eu era capaz de alcançar. 

Em janeiro, enquanto caminhava na praia debaixo de um sol maravilhoso, relaxada e distante do meu cotidiano normal, lancei minhas expectativas para o ano. Na minha imaginação, eu era uma pessoa cheia de novos poderes, conquistados de repente ali mesmo, naquela areia quente, e tinha todos os bons fluidos do universo conspirando a meu favor. Daria tudo certo, era só querer. 

Nada mais enganoso. Ao voltar à realidade, topei com um inimigo inesperado: eu. Os tais planos que eu havia inventado de repente ficaram inviáveis, porque eu não era aquela pessoa tão pronta para fazer tudo certo. Mas por que não? O que meu eu imaginário tinha que meu eu real não tinha? Quem era eu, afinal, e o que era capaz de fazer naquele momento? O que estava faltando para que eu me tornasse quem desejava ser? 

Foi no momento da decepção que decidi que 2010 seria um ano de autoestudo. Os sonhos e as metas teriam de ficar para depois. A prioridade era descobrir o que eu tinha capacidade de conquistar. 

Eu não sabia bem por onde começar. Fui fazendo perguntas por aí, buscando leituras, fazendo anotações que se contradiziam após alguns dias, elaborando teorias nunca definitivas sobre minhas crenças, meus gostos, meu modo de me relacionar. Quanto mais eu me aprofundava na investigação, mais eu me angustiava por não ser capaz de responder com certezas todas as perguntas sobre mim. Tentei obtê-las com pessoas que eu supunha capacitadas para isso, como minha psicóloga na época. Ninguém as tinha. 

Era eu que tinha de me revelar se eu estava suficientemente interessada nas metas ou não, se eu tinha preguiça, se eu tinha garra, se eu tinha autoconfiança para arriscar atitudes novas. Era eu que tinha de diferenciar minhas dúvidas das minhas mentiras. 
Estudar a própria personalidade e as próprias competências me pareceu bem mais complicado do que estudar para uma prova, ou mesmo para o vestibular. A escola nos dá todo o roteiro para tirar as maiores notas em qualquer prova. Basta entender as informações dos livros e das aulas para dar as respostas corretas. No autoestudo, entender os livros não é necessariamente suficiente para entender o que fazer. 

Por que não parou de fumar, como havia se prometido? Por que não voltou para a academia? Por que não emagreceu? Por que não foi promovido? Por que não saiu mais com sua mulher? Por que não aprendeu italiano? Por que não mudou em nada? 

Nossa tendência é dar desculpas e fugir à responsabilidade por nossos fracassos, não é? Não parei de fumar porque estou diminuindo o número de cigarros devagar e vou parar no ano que vem... Não voltei para a academia porque não encontrei a academia ideal... Não fui promovido porque meu chefe é um idiota... 

A gente sempre se diz que o ano que vem será diferente. Não queremos ficar parados no mesmo lugar, queremos evoluir. E só evoluímos se mudamos. E mudar é difícil porque envolve conhecer-se bem e descobrir o que não está funcionando direito dentro de si. 

Tenho a impressão de que precisamos criar mais oportunidades de aprender mais sobre nós mesmos. Ocupamos muito tempo com os afazeres diários e pouco com essa investigação preciosa de quem somos. Ela requer tempo e dedicação. O que não quer dizer que deva ser desagradável ou cansativa. Pode ser até artística. 

Há quem use o teatro justamente para isso: conhecer-se. Eu não piso num palco desde os tempos de escola, mas uso meu espelho para “ensaiar” discussões calorosas que jamais terei. É que, durante o ensaio, percebo o que me tira do sério e corrijo minhas reações, revendo pontos de vista e formas de me expressar. Aí, na hora da discussão real, sou muito mais sensata. Coisa de maluca falar sozinha na frente do espelho? Maluco é quem nunca para para se observar. 

Ok, foi só um exemplo. Diga aí então de que forma você libera suas verdades e procura melhorá-las. Em que momentos você se dedica ao autoestudo? Em que lugares? Com quem? À mesa da cozinha, brigando em família? À mesa de um bar, bebendo com amigos e colegas de trabalho? Durante a corrida, de manhã cedo? Durante as lutas, num tatame ou num ringue? No quarto, escrevendo? Na varanda, lendo? No divã, chorando? E o que tem feito mais diferença para você se melhorar, ano a ano? Conte pra gente.
(Francine Lima escreve às quintas-feiras)

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