Introdução

Mãe de 3 filhos (Rodrigo, Philippe e Fernanda), avó (quatro netas: Eduarda, Mirela, Luna e Laura), Supervisora Educacional, Profª aposentada de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira; Pedagoga e Pesquisadora, Graduada em Letras e Pedagogia e Pós-Graduada (Especialista em Língua Portuguesa e Iniciação Teológica); Mestre em Letras e Ciências Humanas. Trabalho muito, estudo bastante, adoro pesquisar, ler boas obras; folhear jornais e revistas, assistir telejornais; viajar, ir ao Shopping, utilizar a Internet. Crio algumas "quadrinhas", gosto de elaborar projetos que não sejam engavetados.

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Notícias

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Algumas referências bibliográficas! Tenho muitas leituras! ÊBA!

Leituras!

1. BATISTA, A. A. G. Avaliação dos livros didáticos: para entender o programa nacional do livro didático (PNLD). In.: ROJO, R. e BATISTA, A. A. G. (Orgs). Livro didático de língua portuguesa, letramento e cultura da escrita. Campinas, SP : Mercado de Letras, 2003.


2. BIZZOCCHI. A. O fantástico mundo da linguagem - Revista Ciência Hoje. Vol. 28, nª 164. Disponível em .
3. BUNZEN, C. O antigo e o novo testamento; livro didático e apostila escolar. Disponível em http://aopedaletra.net/volume3

4. ___________Construção de um objeto de investigação complexo: o livro didático de Língua Portuguesa. Disponível em < http://www.gel.org.br/4publica-estudos-2005/4publica-estudos-2005-pdfs/construcao-de-um-objeto-1329.pdf?SQMSESSID=a38ffc79c82bcbe561e1c641326fd16c>

5. BRAIT, B. (2000) PCNs, gêneros e ensino de língua: fases discursivas da textualidade. In.: ROXO, R. (Org.) A prática de linhuagem em sala de aula: praticando os PCNs. SP: EDUC; Campinas: Mercado de Letras.

6. CARMAGNANI, A. M. G. O ensino apostilado e a venda de novas ilusões. In.:Coracini, M. J. R. F. (Org.) Interpretação, autoria e legitimação do livro didático : língua materna e língua estrangeira. 1ª ed. Campinas, SP : Pontes, 1999.

7. CORACINI, M. J. R. F. O livro didático nos discursos da Lingüística Aplicada e da sala de aula. In.:Coracini, M. J. R. F. (Org.) Interpretação, autoria e legitimação do livro didático : língua materna e língua estrangeira. 1ª ed. Campinas, SP : Pontes, 1999.

8. __________________O processo de legitimação do livro didático na escola de Ensino Fundamental e Médio: uma questão de ética. In.:Coracini, M. J. R. F. (Org.) Interpretação, autoria e legitimação do livro didático : língua materna e língua estrangeira. 1ª ed. Campinas, SP : Pontes, 1999.

9. GONÇALVES, C. J. S. & SANTOS, S. S. Ler e escrever também com o corpo em movimento. In.: NEVES, I. C. B.; SOUZA, J. V.; SCHÄFFER, N. O.; GUEDES, P. C.; KLÜSENER, R. (Orgs.). Ler e escrever: compromisso de todas as áreas. POA: Editor da Universidade/UFRGS, 1988. p. 45-64.

10. GUIMARÃES, E. Os estudos sobre linguagens: uma história de idéias. Revista Comciência. Disponível em < http://www.comciencia.br/reportagens/linguagem/ling14.htm

11. KEHRWALD, I. P. Ler e escrever em artes visuais. In.: NEVES, I. C. B.; SOUZA, J. V.; SCHÄFFER, N. O.; GUEDES, P. C.; KLÜSENER, R. (Orgs.). Ler e escrever: compromisso de todas as áreas. POA: Editor da Universidade/UFRGS, 1988. P. 21-34.


12. LOPES, C. V. M.; DULAC, E. B. F. Idéias ou palavras na/da ciência, ou leitura e escrita: o que a ciência tem a ver com isso? In.: NEVES, I. C. B.; SOUZA, J. V.; SCHÄFFER, N. O.; GUEDES, P. C.; KLÜSENER, R. (Orgs.). Ler e escrever: compromisso de todas as áreas. POA: Editor da Universidade/UFRGS, 1988. p. 35-44.

13. MOTTA-ROTH, D. e HENDGES, G. R. (1998.) Uma análise transdisciplinar do gênero. Redação acadêmica: princípios básicos. Santa Maria : Universidade Federl de Santa Maria, Imprensa Universitária.

14. _______________ O ensino de produção textual com base em atividades sociais e gêneros textuais. Revista Linguagem em (Dis)curso, vol. 6, nº 3, set/dez. 2006.SILVA, E. T. da. Livro didático e qualidade de ensino. In.: SILVA, E. T. da. Criticidade e leitura: ensaios. Campinas, SP : Mercado de Letras : Associação de Leitura do Brasil (ALB), 1998.

15. ______________Livro didático: do ritual de passagem à ultrapassagem. In.: SILVA, E. T. da. Criticidade e leitura: ensaios. Campinas, SP : Mercado de Letras : Associação de Leitura do Brasil (ALB), 1998.

16. SWALES, J. M. (2007) Constructing English-language Journal Article Abstracts. In.: III Simpósio Internacional sobre Linguagem, Cultura e Sociedade realizado na Universidade Federal de Santa Maria.

17. SOUZA, D. M. de. O livro não "anda", professo? In.:Coracini, M. J. R. F. (Org.) Interpretação, autoria e legitimação do livro didático : língua materna e língua estrangeira. 1ª ed. Campinas, SP : Pontes, 1999.

18. _______________ Autoridade, autoria e livro didático. In.:Coracini, M. J. R. F. (Org.) Interpretação, autoria e legitimação do livro didático : língua materna e língua estrangeira. 1ª ed. Campinas, SP : Pontes, 1999.

19. _______________Gestos de censura. In.:Coracini, M. J. R. F. (Org.) Interpretação, autoria e legitimação do livro didático : língua materna e língua estrangeira. 1ª ed. Campinas, SP : Pontes, 1999.

20. _______________ Livro didático: arma pedagógica? In.:Coracini, M. J. R. F. (Org.) Interpretação, autoria e legitimação do livro didático : língua materna e língua estrangeira. 1ª ed. Campinas, SP : Pontes, 1999.

21.ZOZZOLI, R. M. D. Produção e autonomia relativa na aprendizagem de línguas. In: LEFFA, V. J. (Org.) Pesquisa em Lingüística Aplicada: temas e métodos. Pelotas: Educat, 2006.

domingo, 13 de dezembro de 2009

O Interacionismo Sócio-discursivo

A abordagem dos gêneros se inscreve no quadro geral de uma psicologia da linguagem orientada pelos princípios epistemológicos do interacionismo social. O interacionismo sócio-discursivo é um quadro teórico que entende as condutas humanas como “ações situadas cujas propriedades estruturais e funcionais são, antes de mais nada, um produto da socialização”. (BRONCKART, 1997, p.13)

Nesse enfoque, com base em Vygotsky (1934), Bakhtin (1952, 1929) e na Teoria do Agir Comunicativo, como discutida por Habermas (1980, 1981), as ações verbais são compreendidas como mediadoras e constitutivas do social, onde interagem múltiplos e diversos interesses, valores, conceitos, teorias, objetivos e significações de si e dos outros. Como salienta Bronckart, “a ação constitui o resultado da apropriação, pelo organismo humano, das propriedades da atividade social mediada pela linguagem” (1997, p.42)

Bronckart (1997/1999, p.101) define a ação de linguagem “no nível sociológico, como uma porção da atividade de linguagem do grupo (...) e num segundo nível, psicológico, como o conhecimento, disponível no organismo ativo, das diferentes facetas da sua própria responsabilidade na intervenção verbal”. É nesse segundo nível que, segundo o autor, “a noção de ação de linguagem federa e integra (...) as representações dos parâmetros do contexto de produção e do conteúdo temático, tais como um agente determinado as mobiliza quando realiza uma intervenção verbal”. Essas ações estão ligadas à utilização das formas comunicativas e se encontram em uso numa determinada formação social, isto é, à utilização dos gêneros textuais.

O interacionismo sócio-discursivo (doravante ISD) está centrado na questão das condições externas de produção dos textos, o que provoca um abandono da noção de “tipo de texto” a favor da de gênero de texto e de tipo de discurso. São so gêneros, como formas comunicativas, que serão postos em correspondência com as unidades psicológicas que são as ações de linguagem, enquanto que os tipos de discurso (narração, relato, discurso interativo, discurso teórico, etc) serão considerados como formas lingüísticas que entram na composição dos gêneros. Os “tipos de discursos” são materializações lingüísticas dos “mundos virtuais”, ou mundos discursivos, que são construídos em qualquer produção verbal. A sua construção se baseia em operações de linguagem que devem ser descritas, assim como os modos de se articularem entre si por mecanismos de textualização e por mecanismos enunciativos que conferem ao texto a sua coerência seqüencial.

Essas operações construtivas dos mundos discursivos constituem arquétipos psicológicos que passam do nível psicológico para um nível de operações mais concreto: das operações que explicitam a relação entre as coordenadas gerais que organizam o conteúdo temático de um texto e as coordenadas gerais do mundo ordinário em que se desenvolve a ação de linguagem de que o texto se origina. As operações constitutivas dos mundos discursivos, podem ser resumidas a uma decisão de caráter binário (mundos discursivos da ordem do EXPOR e mundos discursivos da ordem do NARRAR. Fazendo a oposição entre a ordem do NARRAR e a ordem do EXPOR, de um lado, e a oposição entre implicação e autonomia, de outro, pode-se definir os quatro mundos discursivos e seus correspondentes tipos de discursos: mundo do EXPOR implicado (discurso interativo), mundo do EXPOR autônomo (discurso teórico); mundo do NARRAR implicado (relato interativo) e mundo do NARRAR autônomo (narração).


Além dos tipos de discurso, a infra-estrutura geral dos textos é também caracterizada segundo a organização seqüencial do conteúdo temático. Nesse ponto, Bronckart recorre a Adam (1993) e, a partir de uma releitura, propõe uma versão da referência original. A idéia central é que as seqüências têm estatuto discursivo e que nos textos empíricos concretizam-se em tipos lingüísticos variados restringindo-se aos cinco tipos básicos: seqüências narrativas, descritivas, argumentativas, explicativas e dialogais. Essas diferentes seqüências podem se combinar em um texto, em várias modalidades e é das diversidades das seqüências e da diversidade de seus modos de articulação que decorre da heterogeneidade composicional dos textos. O tipo de seqüência usada em um texto se relaciona à sua função em um determinado gênero. Também se faz necessário examinar os mecanismos de textualização e os mecanismos enunciativos do texto. Os mecanismos de textualização, voltados à manutenção da coerência do conteúdo temático, se organizam em séries lineares, responsabilizando-se pela progressão e evocação das unidades de representação mobilizadas para a semiotização em um texto. Neste nível da análise enfocam-se as séries isotópicas que asseguram a conexão, a coesão nominal e a coesão verbal. Em relação à coesão nominal, sabe-se também que a escolha nominal tem um papel importante no desenvolvimento do conteúdo temático. Já a coesão verbal vai abordar os mecanismos que contribuem para a organização temporal dos discursos e textos.

A abordagem dos mecanismos enunciativos (vozes e modalização) volta-se para a manutenção da coerência pragmática (interativa) de um texto. Por meio desses mecanismos o agente-produtor procura esclarecer a significação da ação de linguagem do que enuncia e também o posicionamento daquele de quem emana essa significação, ao mesmo tempo que expressa as modalizações.



Considerações finais

O modelo de funcionamento dos discursos proposto por Bronckart (1997/1999) permite a definição das representações do agente-produtor em relação ao contexto físico, social e subjetivo que permeia a interação em curso por pressupor os quatro parâmetros: o lugar de produção, o emissor, o receptor e o momento de produção (representação do mundo físico) e as representações do contexto sócio-subjetivo que também pressupõe quatro parâmetros: o lugar social, o papel social do enunciador e do destinatário, o objetivo e o conteúdo temático.

Bronckart (1997, p.13) nos permite analisar e descrever, através dos gêneros textuais, como as ações de linguagem se tornam mediadoras e constitutivas do social (onde interagem interesses diversos, valores e objetivos) e o modo como os interagentes avaliam a si mesmos e aos outros quanto às suas capacidades de ação (poder-fazer), quanto às suas intenções (querer-fazer) e quanto às razões para agir nas interações com os outros.

AFONSO, Manoela (UEL-G)

TEIXEIRA, Marina F. (UEL-G)

SAITO, Cláudia L. Nascimento (orientadora)

Referências bibliográficas



BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1972.

BRONCKART, Jean-Paul. Atividades de Linguagens, texto e discursos. Por um interacionismo sócio-discursivo. Trad. Anna Rachel Machado e Péricles Cunha. São Paulo: Educ, 1997/99.

____________. Um modelo psicológico da aprendizagem das línguas. Conferência proferida no 14o. InPLA – Intercâmbio de Pesquisas em Lingüística Aplicada. LAEL/PUC – SP, Abril de 2004. Copia Interna.

SCHNEUWLY, Bernard; DOLZ, Joaquim. Gêneros orais e escritos na escola. Trad. Roxane Rojo e Glaís Sales Cordeiro. São Paulo: Mercado das Letras, 2004.

Gêneros discursivos

Gostei e destaco para leitura:

Ida Boing Magalhães de Sousa
Professora de língua portuguesa do UniCEUB


A língua não é o reflexo das hesitações subjetivo-psicológicas, mas das relações sociais estáveis dos falantes. Conforme a língua, conforme o contexto apresente tal ou qual objetivo específico, vê-se dominar ora uma forma ora outra, ora uma, ora outra variante de texto. (Bakhtin, 1929:147).

Tendemos a afirmar que Bakhtin tenha apresentado uma primeira formulação teórica que, na atualidade é questão que se apresenta na pauta das grandes discussões sobre os textos – os gêneros discursivos. Muitas noções dessa teoria foram retomadas recentemente por Bronckart, Dolz e Schnewly e também por Rojo (no Brasil). São recomendadas pelos Novos Parâmetros Curriculares (PCNs 1998), como fundamentação para o tratamento das práticas de linguagem no Ensino Fundamental.

Em sua abordagem, Bronckart recorda que desde a Antigüidade grega até nossos dias, diante da diversidade das espécies de texto, há uma preocupação com sua delimitação e nomeação, que se traduziu na elaboração de múltiplas proposições de classificação, centradas, na maioria dos casos, na noção de gênero de texto (ou gênero de discurso). Para Diomedes, para Aristóteles e para a maioria de seus sucessores, comenta o autor, essa noção de gênero aplicava-se apenas aos textos com valor social ou literário reconhecido: distinção, desde a Antigüidade, dos gêneros épico, poético, mimético, ficcional, lírico, apodítico etc.; distinção, a partir do Renascimento, das novas formas literárias escritas, como o romance, o ensaio, a novela, a ficção científica etc. Entretanto, no decorrer do século XX, e mais particularmente a partir de Bakhtin, essa noção tem sido progressivamente aplicada ao conjunto de produções verbais organizadas, orais e escritas, normatizadas ou pertencentes à “linguagem ordinária”. Disso resulta que qualquer texto pode atualmente ser designado em termos de gênero, e que, portanto, todo exemplar de texto observável pode ser considerado como pertencente a um determinado gênero, pois “os homens interagem pela linguagem tanto em uma conversa de bar, entre amigos, ou ao redigir uma carta pessoal, quanto ao redigir uma crônica, uma novela, um poema, um relatório profissional...” (Rojo, 2000:15). Logo, toda interação se dá em cada esfera de utilização da língua, a partir de tipos relativamente estáveis de enunciados.

Seguindo as argumentações de Bakhtin a favor de uma teoria sobre gêneros discursivos, encontramos ainda maior respaldo para uma opção sociointeracionista de análise lingüística:

Em cada época de seu desenvolvimento, a língua escrita é marcada pelos gêneros do discurso e não só pelos gêneros secundários (literários, científicos, ideológicos), mas também pelos gêneros primários (os tipos de diálogo oral: linguagem das reuniões sociais, dos círculos, linguagem familiar, cotidiana, linguagem sociopolítica, filosófica etc.). A ampliação da língua escrita que incorpora diversas camadas da língua popular acarreta em todos os gêneros (literários, científicos, ideológicos, familiares etc.) a aplicação de um novo procedimento na organização e na conclusão do lugar que será reservado ao ouvinte ou ao parceiro, o que leva a uma maior ou menor reestruturação e renovação dos gêneros do discurso. (...)
Ignorar a natureza do enunciado e as particularidades de gênero que assinalam a variedade do discurso em qualquer área do estudo lingüístico leva ao formalismo e à abstração, desvirtua a historicidade do estudo, enfraquece o vínculo existente entre a língua e a vida. A língua penetra na vida através dos enunciados concretos que a realizam, e é também através dos enunciados concretos que a vida penetra na língua. (1979:285).

Assim, as unidades do domínio verbal são chamadas de enunciados e os tipos estáveis nos quais esses enunciados se organizam, de gêneros do discurso. Logo, a variedade das produções verbais nada mais é senão uma conseqüência da variedade dos tipos de atividades humanas.

Bronckart adverte que nenhum agente dispõe de um conhecimento exaustivo sobre os gêneros, sobre sua indexação funcional e suas características lingüísticas, isto significa dizer que cada pessoa, em função das circunstâncias do seu desenvolvimento pessoal, foi exposta a um número mais ou menos importante de gêneros, aprendeu a reconhecer algumas de suas características estruturais e experimentou praticamente (em uma aprendizagem social por ensaios e erros) sua adequação à determinada ação.

Bakhtin (1979:301) compara nossa aquisição de gêneros discursivos à aquisição da língua materna no sentido de que usamos com segurança vários gêneros do rico repertório de gêneros do discurso que possuímos. Dominamos nossa língua materna (sua composição lexical, sua estrutura gramatical) antes de estudá-la nos dicionários, e nós adquirimos a sua gramática mediante enunciados concretos que ouvimos e reproduzimos durante a comunicação verbal que se efetua com os indivíduos que nos rodeiam. As formas da língua e as formas típicas de enunciados – os gêneros do discurso – introduzem-se em nossa experiência e em nossa consciência juntamente. Aprendemos a moldar nossa fala às formas do gênero. “Se não existissem os gêneros do discurso e se não os dominássemos, se tivéssemos de criá-los pela primeira vez no processo de fala, se tivéssemos de construir cada um de nossos enunciados, a comunicação verbal seria quase impossível.” (Bakhtin 1979:302).

Na concepção de Bronckart, a organização dos gêneros apresenta-se na forma de uma nebulosa, constituída por conjuntos de textos já delimitados e rotulados por avaliações sociais ou para os quais os critérios de classificação e rotulação ainda são móveis e/ou divergentes. Esses gêneros são portadores de um ou de vários valores de uso: em uma determinada formação social, um gênero é considerado como mais ou menos pertinente para uma determinada ação de linguagem. Em um determinado estado sincrônico, essa nebulosa de gêneros indexados constitui uma espécie de reservatório de modelos textuais, ao qual o agente de uma ação de linguagem recorrerá.

Bronckart assinala que o agente efetua um cálculo sobre a adequação dos gêneros a sua situação de ação, mas, ao mesmo tempo (ou reciprocamente) o conhecimento dos gêneros define o espectro das ações de linguagem possíveis. O agente de uma ação de linguagem tem uma base de orientação a partir da qual toma um conjunto de decisões e a mais geral das decisões consiste, exatamente, em escolher, dentre os gêneros disponíveis na intertextualidade, aquele que lhe parece o mais eficaz em relação à situação de ação de linguagem.
Cada comunidade verbal detém um conjunto de representações cristalizadas no intertexto as quais foram sendo elaboradas e negociadas pelas gerações anteriores e que são colocadas em circulação cada vez que um agente empreende uma ação de linguagem específica. O confronto das representações pessoais com as representações dos outros não pode se efetuar apenas no espaço mental do autor: ele exige a criação de um espaço mental comum ou coletivo, adverte Bronckart.

Schneuwly (1994) vislumbra os gêneros do discurso como instrumentos ou mega-instrumentos sócio-historicamente construídos para realizar os objetivos de uma ação de linguagem. A mestria de um gênero, comenta o autor, aparece como constitutiva da mestria de situações de comunicação. Assim, a apropriação dos gêneros é um mecanismo fundamental de socialização, de inserção prática nas atividades comunicativas humanas. O processo de adoção-adaptação gera novos exemplares de gêneros e é, conseqüentemente, pelo acúmulo desses processos individuais que os gêneros se modificam permanentemente e tomam um estatuto fundamentalmente dinâmico ou histórico.

Encontramos nos textos dos PCNs (1998b:07) que produzir discursos “é dizer alguma coisa a alguém, de uma determinada forma, em um determinado contexto histórico e em uma determinada circunstância de interlocução”. Nesse sentido Bronckart nos orienta a verificar que a forma como um texto é organizado sofre influência de dois conjuntos essenciais de fatores: do mundo físico e do mundo sociosubjetivo.

Em relação ao mundo físico deve-se levar em conta: o lugar de produção (lugar físico em que o texto é produzido); o momento de produção (a extensão do tempo durante o qual o texto é produzido); o emissor (o que ou quem produz fisicamente o texto, que pode ser oral ou escrito) e o receptor (a pessoa ou as pessoas que vão, concretamente perceber ou receber o texto).

Quanto ao mundo sociosubjetivo é importante destacar que a produção de todo texto inscreve-se no quadro das atividades de uma determinada formação social e, mais precisamente, no quadro de uma forma de interação comunicativa que implica o mundo social (normas, valores , regras etc.) e o mundo subjetivo (imagem que o agente dá de si ao agir).

O mundo sociosubjetivo, para Bronckart, também se decompõe em certos parâmetros: o lugar social (no quadro de qual formação social, de qual instituição, ou em que modo de interação o texto é produzido?); a posição social do emissor-enunciador (qual é o seu papel social na interação em curso?); a posição social do receptor-destinatário (qual é o papel social atribuído a ele?); o objetivo ou objetivos da interação (qual é, do ponto de vista do enunciador, o efeito, ou efeitos que o texto pode produzir no destinatário?).

A discussão sobre texto numa perspectiva de gêneros discursivos vai se tornando cada vez mais incontestável à medida que se aprofundam as reflexões e as argumentações sobre os conceitos delineados preliminarmente por Bakhtin. Sua aplicabilidade é nítida a qualquer natureza de produto da atividade humana organizada pela linguagem que se tome como referência.

Nesses termos, diz o autor (1979:284): “Cada esfera da atividade humana conhece seus gêneros apropriados a sua especificidade, aos quais correspondem determinados estilos. Uma dada função (científica, técnica, ideológica, oficial, cotidiana) e dadas condições específicas para cada uma das esferas da comunicação verbal geram um dado gênero, ou seja, um dado tipo de enunciado, relativamente estável do ponto de vista temático, composicional e estilístico.”

Assim, situando-se na perspectiva bakhtiniana, Dolz & Schneuwly (1996) consideram que todo gênero se define por três dimensões essenciais:

* os conteúdos que são, ou que se tornam, dizíveis através dele;
* a estrutura comunicativa particular dos textos pertencentes ao gênero;
* as configurações específicas das unidades de linguagem, que são sobretudo traços da posição enunciativa do enunciador, e os conjuntos particulares de seqüências textuais e de tipos discursivos que formam sua estrutura.

Todos os enunciados dispõem de uma forma padrão e relativamente estável de estruturação de um todo e uma ou outra forma é acionada conforme o intuito discursivo – o querer-dizer do locutor que determinará sua amplitude e suas fronteiras. Os parceiros diretamente implicados numa comunicação captam com facilidade o intuito discursivo expresso pela escolha estrutural, pois esta se dá em função da especificidade de sua esfera de comunicação verbal e das necessidades de sua temática.


A língua escrita corresponde ao conjunto dinâmico e complexo constituído pelos estilos da língua, cujo peso e correlação, dentro do sistema de língua escrita, se encontram num estado de contínua mudança. O estilo é indissoluvelmente vinculado a unidades temáticas determinadas e, o que é particularmente importante, a unidades composicionais: tipo de estruturação e de conclusão de um todo, tipo de relação entre o locutor e os outros parceiros da comunicação verbal. O estilo entra como elemento na unidade de gênero de um enunciado, no entanto, adverte Bakhtin (1979), isso não significa dizer que o estilo lingüístico não pode ser objeto de estudo específico, especializado. Uma estilística da língua, concebida como uma descrição autônoma, é possível e necessária. Porém, para ser correto e produtivo, completa o autor, este estudo sempre deve partir do fato de que os estilos da língua pertencem por natureza ao gênero e portanto deve basear-se no estudo prévio dos gêneros e sua diversidade. As mudanças históricas dos estilos da língua são indissociáveis das mudanças que se efetuam nos gêneros do discurso.

Os gêneros são as correias de transmissão que levam da história da sociedade à história da língua (Bakhtin 1979:285).

A ampliação da língua escrita, que incorpora diversas camadas da língua popular acarreta, em todos os gêneros, a aplicação de um novo procedimento na organização e na conclusão do todo verbal e uma modificação do lugar que será reservado ao ouvinte ou parceiro, o que leva a uma maior ou menor reestruturação dos gêneros do discurso, esclarece Bakhtin.

Agrupamentos de gêneros

Bakhtin, já na gênese de sua reflexão acerca das produções de linguagem a partir da configuração dos gêneros discursivos, advertiu para a riqueza e variedade dos mesmos e, conseqüentemente, para a problemática em sistematizá-los ou defini-los de forma estanque. Isso decorre do fato de ser a variedade virtual da atividade humana inesgotável. A heterogeneidade dos gêneros do discurso (orais e escritos) inclui, por exemplo, desde a curta réplica do diálogo cotidiano (com a diversidade que este apresenta conforme os temas, as situações e a composição dos seus protagonistas), o relato familiar, as ordens, os documentos oficiais (padronizados), as formas de exposição científica, até os modelos literários. Como colocar em um mesmo terreno de estudo fenômenos tão díspares? indaga Bakhtin (1979). A diversidade funcional parece tornar os traços comuns a todos os gêneros do discurso abstratos e inoperantes. Provavelmente seja esta a explicação para que o problema geral dos gêneros do discurso, até então, não tenha sido colocado, comenta o autor.

Bronckart observa que, seguindo autores como (principalmente Canvant, 1996; Chiss, 1987; Maingueneau, 1984; Petitjean, 1989, 1992; Schneuwly, 1987b), ele também fez a constatação de que, mesmo sendo intuitivamente diferenciáveis, os gêneros não podem nunca ser objeto de uma classificação racional, estável e definitiva, pois, acrescenta, além de serem em número de tendência ilimitado (como o são as atividades de linguagem), os parâmetros que podem servir como critérios de classificação (finalidade humana geral, questão social específica, conteúdo temático, processos cognitivos mobilizados, suporte mediático etc.) são, ao mesmo tempo, pouco delimitáveis e em constante interação.

Preocupados em fornecer princípios para a construção de uma progressão em gêneros discursivos com fins didáticos e diante da dificuldade em construí-la no nível imediato da unidade gênero, Dolz & Schneuwly (1996) propõem um enfoque de agrupamentos de gêneros, para os quais recorrem a conceitualizações lingüísticas e psicológicas. É preciso, ressaltam os autores, que os agrupamentos respondam às necessidades de linguagem em expressão oral e escrita, em domínios essenciais da comunicação em nossa sociedade; que retomem, de modo flexível, certas distinções tipológicas que já figuram em numerosos manuais e guias curriculares e sejam relativamente homogêneos quanto às capacidades de linguagem dominantes implicadas na mestria dos gêneros agrupados. Os autores advertem, ainda, que os agrupamentos definidos não são estanques uns com relação aos outros; que não é possível classificar cada gênero de maneira absoluta em um dos agrupamentos propostos; que seria possível, no máximo, determinar certos gêneros que seriam protótipos para cada agrupamento.São cinco os agrupamentos:

Da ordem do narrar,
Da ordem do relatar,
Da ordem do argumentar,
Da ordem do expor,
Da ordem de descrever ações.

TEXTOS E CONTEXTO – BAKHTIN E BRONCKART

Bakhtin e Bronckart são importantes para o estudo sobre análise do discurso: o primeiro, para compreender melhor seus textos e pela visão ampla que traz sobre o contexto e o pela forma de abordagem para o contexto escrito ou falado. Além disso, Bronckart utiliza-se de aspectos teóricos apontados por Bakhtin para desenvolver a perspectiva do interacionismo-sociodiscursivo.

Bakhtin – uma visão ampla para o estudo de texto e o contexto

Encontrei num outro blog e transcrevo aqui:

"A escola está inserida em uma sociedade que movimenta ideologias cercadas de crenças e valores variados, por esta razão, qualquer estudo atualmente precisa considerar as questões ideológicas impregnadas no contexto amplo de inserção da instituição escolar. Portanto, não há como separar ideologia e contexto.
Para compreender a relação entre ideologia e contexto é importante considerar o conceito trazido por Bakhtin (1988):

“Todo signo é ideológico [...] O signo e a situação social estão indissoluvelmente ligados. [...] A palavra é o signo ideológico por excelência; ela registra as menores variações da vida social. [...] a palavra veicula, de maneira privilegiada, a ideologia; a ideologia é uma superestrutura, as transformações sociais da base refletem-se na ideologia.”(p.16-17).

Assim, conforme apontado na reflexão de Bakhtin há uma sintonia entre a palavra e o contexto (situação social). Ideológica por natureza, a palavra segue os atos de compreensão e interpretação da vida humana. Por conseguinte, a interação verbal torna-se ideológica através do discurso/enunciado. Como coloca Bakhtin, o discurso é “o produto da interação do locutor e do ouvinte [...] A palavra como signo é extraída pelo locutor de um estoque social de signos disponíveis, a própria realização deste signo social na enunciação concreta é inteiramente determinada pelas relações sociais” (Bakhtin, 1988, p. 113). Desta forma, a situação social ou contexto em que se realiza a interação verbal determina não só o discurso como também o tema, o estilo e a comunicação.
A dimensão ideológica da linguagem alimentada pelas relações entre a estrutura de produção e a estrutura social e política são aspectos fundamentais a serem considerados em estudos sobre o contexto de produção de discurso.
Conforme aponta Bakhtin (1988):

“As relações de produção e a estrutura sociopolítica que delas diretamente deriva determinam todos os contatos verbais possíveis entre indivíduos, todas as formas e os meios de comunicação verbal: no trabalho, na vida política, na criação ideológica. Por sua vez, das condições, formas e tipos da comunicação verbal derivam tanto as formas como os temas dos atos de fala.” (p. 42)

Desta forma é estabelecida uma visão ampla de contexto que envolve toda a estrutura da sociedade e determina as interações sociais em todas as esferas sociais. Portanto, o contexto, por agregar concepções ideológicas, valores e regras, influencia em todas as formas de linguagem, seja falada ou escrita, seja formal ou informal.
Esta visão trazida por Bakhtin (1988) e complementada com aspectos da teoria do interacionismo, proposta por Vygotsky, influenciou Bronckart na criação de um modelo de análise do contexto de produção falado ou escrito, chamado Interacionismo Sócio Discursivo (ISD), onde as ações de linguagem, ou seja, as condutas verbais devem ser analisadas em situações sociais de uso nas suas dimensões discursivas ou textuais.

Bronckart - o contexto falado ou escrito

Todas as espécies animais têm forma de agir socializadas, mas o agir comunicativo verbalizado é específico do homem. Tal capacidade verbal permitiu ao homem construir e acumular conhecimentos possibilitando a autonomia e transcendendo as condições individuais (Bronckart, 2006).
Segundo Bronckart (2006) o ser humano apresenta duas maneiras de agir: geral e de linguagem. Apesar de serem apresentadas de forma distinta elas mantém uma relação de sintonia e de trocas constantes.
O agir geral é composto por atividades coletivas “que organizam as interações dos indivíduos com o meio ambiente” (Bronckart, 2006, p.138). Tais atividades coletivas “produziram o mundo econômico, o social e o semiótico, que passaram a constituir-se como uma parte específica do meio ambiente dos seres humanos” (Bronckart, 2006, p. 123), produzindo, assim, o chamado contexto.
As atividades coletivas são diversificadas e se transformam ao longo da história, levando em consideração as necessidades de sobrevivência do homem. Segundo o autor, as motivações decorrentes das necessidades causadas por regras, normas e recursos criados e organizados no âmbito coletivo e social também influenciam nas atividades coletivas.
Assim, o ambiente historicamente criado ou contexto, exerce influência sobre os comportamentos individuais e de grupos sociais e também sobre a linguagem utilizada pelos mesmos.
O agir de linguagem é a atividade de linguagem em uso. Esta atividade pode ser dividida em duas dimensões: social e individual. Na primeira, a atividade de linguagem serve para criar normas, valores, bem como para planejar, regular e avaliar as atividades coletivas. A segunda dimensão permite a apropriação e a interiorização da linguagem transformando-a em pensamento consciente (Bronckart, 2006).
O agir de linguagem é também uma ação que “refere-se aos motivos, ou seja, às razões do agir que são interiorizadas por uma pessoa singular” (Bronckart, 2006, p. 213). Assim, o agir de linguagem favorece a interpretação da ação do homem no contexto, incluindo atividades individuais e sociais.
As atividades coletivas concretas também são responsáveis pela geração do conhecimento que requerem a semiotização e se constituem em textos (Bronckart, 2006). O texto (agir de linguagem) ao ser criado é permeado por valores históricos e socioculturais que darão origem aos gêneros de determinada língua. Ao proferir um texto (realizar uma ação de linguagem) o homem reflete as atividades coletivas e as ações individuais, tornando o texto uma entidade coletivamente constituída que jamais será estável, pois o contexto se torna variável de acordo com os aspectos históricos e sociais e influencia diretamente no agir de linguagem e na forma de interação.
Ao produzir um texto a pessoa encontra-se em uma ação de linguagem que requer “representações dos três mundos: dos parâmetros objetivos; dos parâmetros sociossubjetivos; da situação de ação de linguagem e dos conhecimentos disponíveis no agente” (Bronckart, 2006, p. 146).
Tal consideração nos faz refletir que o estudo de textos/discurso deve sempre considerar o contexto de produção no qual está inserido, levando em conta a interdependência entre os fatores internos e externos e também os efeitos que exerce sobre seus leitores/interpretes.
Para Bronckart (1999) “toda unidade de ação de linguagem situada, acabada e auto-suficiente, do ponto de vista da ação ou da comunicação” (p.75) é texto e constitui a materialização do agir de linguagem.
Ao valorizar o contexto como aspecto constituinte do agir de linguagem, Bronckart (2006) traz uma concepção de texto semelhante à concepção de discurso de Bakhtin (1988). Ambos concordam que o contexto, seja ele amplo, social ou individual, interfere nas situações de comunicação tanto faladas quanto escritas.”

http://profecarolmuller.blogspot.com/ - Acessado aos 13 de dezembro de 2009, 11:02h.

Muito importante fazermos essas reflexões ao analisarmos textos. Não basta ver se é bem ilustrado, se a história é “bonitinha”, mas perceber as intencionalidades e de que forma os textos podem contribuir para a formação cidadã do indivíduo.

sábado, 12 de dezembro de 2009

"ORIENTADOR NÃO É CO-AUTOR. DECISÃO JURÍDICA EMITIDA CONTRA UM PROFESSOR DA UFPR"

(Cf. http://www.eng.uerj.br/noticias/mostra.php?id=1259245666)

"Prezados Colegas
No último dia 15 de novembro foi publicada matéria na Gazeta do Povo relatando que o Prof. Miguel Noseda, de nosso Departamento, juntamente com a UFPR foram condenados por usurpação de autoria de trabalho científico. O prof. Miguel e a Universidade deverão recorrer da sentença. Entretanto, apontamos a preocupação com o teor da sentença que afeta a todos os orientadores que trabalham com pesquisa científica, experimental e financiada, em todos os níveis de orientação, da forma que conhecemos. Salientamos que pontos descritos na sentença estabelecem que o orientador não é co-autor do trabalho desenvolvido, levantando aspectos importantes envolvendo a propriedade intelectual da instituição, os financiamentos obtidos pelo orientador para realização da pesquisa, as publicações/patentes decorrentes da pesquisa, etc. Consideramos importantíssimo que esses pontos sejam discutidos nesta Universidade, pois acreditamos que a sentença emitida afeta a todos os orientadores/pesquisadores e, neste aspecto, ratificamos nosso apoio ao Prof. Miguel. Abaixo, colocamos alguns pontos para localização e entendimento do problema e posterior discussão Abraços a todos Leda Chubatsu e Fany Reicher Depto. de Bioquímica e Biologia Molecular Setor de Ciências Biológicas 1. Em março de 1997, Gladys A. H. Majczak ingressou como estudante de mestrado junto ao Programa de Pós-Graduação em Ciências-Bioquímica da UFPR sob orientação do Prof. Miguel Noseda e defendeu a dissertação de mestrado em agosto de 1999. No período de 03/97 a 02/99 recebeu bolsa CAPES-Demanda Social. 2. Em maio de 1999, durante a XXVIII Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Bioquímica e Biologia Molecular (SBBq) em Caxambu-MG, foi apresentado um resumo e poster contendo resultados obtidos durante o desenvolvimento da dissertação de mestrado. Neste resumo, a ordem dos autores foi: Majczak, Duarte e Noseda. 3. Em 2001, o trabalho foi novamente apresentado, na forma de resumo e pôster, durante o XVII International Seaweed Symposium realizado na África do Sul. Neste resumo a ordem dos autores foi: Noseda, Majczak e Duarte, sendo apresentado pelo prof. Noseda que participou o evento. Este trabalho recebeu a premiação "Japan Seaweed Association Poster Awards", durante o simpósio, valor de US$500,00. Este trabalho foi publicado posteriormente numa forma expandida no livro "Proceedings of the 17th International Seaweed Symposium" e a ordem dos autores foi Majczak, Richartz, Duarte e Noseda. O processo judicial foi iniciado por Gladys Majczak acusando o Prof. Noseda de "usurpação de autoria de trabalho científico" referindo-se ao resumo apresentado e premiado durante o Simpósio na África do Sul. A defesa do Prof. Miguel baseou-se na co-autoria do trabalho. A sentença caso foi emitida em 03 de novembro (de acordo com a Gazeta do Povo) Para atribuição da sentença, a juíza cita os artigos 11 e 15 da Lei no. 9.610/98 sobre co-autoria : *Art. 11. *Autor é a pessoa física criadora de obra literária, artística ou científica. *Parágrafo único. *A proteção concedida ao autor poderá aplicar-se às pessoas jurídicas nos casos previstos nesta Lei. *Art. 15. A co-autoria da obra é atribuída àqueles em cujo nome, pseudônimo ou sinal convencional for utilizada. * *§ 1º *Não se considera co-autor quem simplesmente auxiliou o autor na produção da obra literária, artística ou científica, revendo-a, atualizando-a, bem como fiscalizando ou dirigindo sua edição ou apresentação por qualquer meio. *§ 2º *Ao co-autor, cuja contribuição possa ser utilizada separadamente, são asseguradas todas as faculdades inerentes à sua criação como obra individual, vedada, porém, a utilização que possa acarretar prejuízo à exploração da obra comum. Abaixo estão transcritas parte do texto da sentença (...) Desse modo, as monografias, dissertações ou teses têm uma característica dialogal, de conjunção de dois fluxos intelectuais, sendo um o autor e outro o orientador (coadjuvante), que apenas aconselha, orienta e o dirige. A função do orientador é trazer à tona novas idéias, achados, ensinamentos que o fluxo criativo do orientado produzirá. O orientador não escreve, não redige o conteúdo e a substância do trabalho. Se agisse dessa maneira, estaria violando as regras do programa de pós-graduação /stricto sensu/. (....) Embora seja importante a contribuição do Professor Miguel para a obtenção dos prêmios no Simpósio Africano, porquanto foi ele quem viabilizou sua apresentação, isso não tem têm o condão de conferir-lhe a condição de co-autor. Quando muito, poderia ser nominado colaborador. A produção científica estava completa, ocupando-se o Professor, no propósito de apresentar o trabalho, da adoção de procedimentos meramente burocráticos (elaboração de resumo, inscrição e apresentação). A prova produzida evidencia que a autora foi quem pesquisou, redigiu, elaborou e completou a produção científica. (...) No caso /sub judice/, diante dos elementos de convicção constantes nos autos, considero que os fatos aqui abordados são gravíssimos, uma vez que o réu Miguel Daniel Noseda agiu de má-fé, enviando um trabalho de autoria de GLADIS para um Simpósio na África do Sul, se intitulando co-autor, juntamente com outra professora... (...) *III. DISPOSITIVO* Diante do exposto, julgo procedente o pedido para declarar a autoria exclusiva de Gladis Anne Horacek Majczak do trabalho apresentado no XVII Congresso Internacional de Algas Marinhas, na África do Sul, intitulado "Atividade Anti-herpética da Heterofucana Sulfatada Isolada de Sargassum Stenophyyllum", e condeno o réu Miguel Daniel Noseda a: a) proceder à retificação do nome do autor no trabalho junto à comissão do evento (...)" Confiram em
UFPR - Universidade Federal do Paraná Setor de Ciências Exatas - Departamento de Química Cep 81.531-980 - Curitiba - PR - BR Tel: (41) 3361-3269 Cep 81.531-980..."

* Gustavo A. Giménez Lugo, Dr. Federal University of Technology-Paraná - UTFPR Department of Informatics - DAINF Av. Sete de Setembro, 3165 - Rebouças 80230-901 Curitiba PR Brazil gustavogl at utfpr.edu.br voice: +55 41 33104644 http://www.blogger.com/dainf.ct.utfpr.edu.br fax: +55 41 33104646"