Introdução

Mãe de 3 filhos (Rodrigo, Philippe e Fernanda), avó (quatro netas: Eduarda, Mirela, Luna e Laura), Supervisora Educacional, Profª aposentada de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira; Pedagoga e Pesquisadora, Graduada em Letras e Pedagogia e Pós-Graduada (Especialista em Língua Portuguesa e Iniciação Teológica); Mestre em Letras e Ciências Humanas. Trabalho muito, estudo bastante, adoro pesquisar, ler boas obras; folhear jornais e revistas, assistir telejornais; viajar, ir ao Shopping, utilizar a Internet. Crio algumas "quadrinhas", gosto de elaborar projetos que não sejam engavetados.

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domingo, 13 de dezembro de 2009

TEXTOS E CONTEXTO – BAKHTIN E BRONCKART

Bakhtin e Bronckart são importantes para o estudo sobre análise do discurso: o primeiro, para compreender melhor seus textos e pela visão ampla que traz sobre o contexto e o pela forma de abordagem para o contexto escrito ou falado. Além disso, Bronckart utiliza-se de aspectos teóricos apontados por Bakhtin para desenvolver a perspectiva do interacionismo-sociodiscursivo.

Bakhtin – uma visão ampla para o estudo de texto e o contexto

Encontrei num outro blog e transcrevo aqui:

"A escola está inserida em uma sociedade que movimenta ideologias cercadas de crenças e valores variados, por esta razão, qualquer estudo atualmente precisa considerar as questões ideológicas impregnadas no contexto amplo de inserção da instituição escolar. Portanto, não há como separar ideologia e contexto.
Para compreender a relação entre ideologia e contexto é importante considerar o conceito trazido por Bakhtin (1988):

“Todo signo é ideológico [...] O signo e a situação social estão indissoluvelmente ligados. [...] A palavra é o signo ideológico por excelência; ela registra as menores variações da vida social. [...] a palavra veicula, de maneira privilegiada, a ideologia; a ideologia é uma superestrutura, as transformações sociais da base refletem-se na ideologia.”(p.16-17).

Assim, conforme apontado na reflexão de Bakhtin há uma sintonia entre a palavra e o contexto (situação social). Ideológica por natureza, a palavra segue os atos de compreensão e interpretação da vida humana. Por conseguinte, a interação verbal torna-se ideológica através do discurso/enunciado. Como coloca Bakhtin, o discurso é “o produto da interação do locutor e do ouvinte [...] A palavra como signo é extraída pelo locutor de um estoque social de signos disponíveis, a própria realização deste signo social na enunciação concreta é inteiramente determinada pelas relações sociais” (Bakhtin, 1988, p. 113). Desta forma, a situação social ou contexto em que se realiza a interação verbal determina não só o discurso como também o tema, o estilo e a comunicação.
A dimensão ideológica da linguagem alimentada pelas relações entre a estrutura de produção e a estrutura social e política são aspectos fundamentais a serem considerados em estudos sobre o contexto de produção de discurso.
Conforme aponta Bakhtin (1988):

“As relações de produção e a estrutura sociopolítica que delas diretamente deriva determinam todos os contatos verbais possíveis entre indivíduos, todas as formas e os meios de comunicação verbal: no trabalho, na vida política, na criação ideológica. Por sua vez, das condições, formas e tipos da comunicação verbal derivam tanto as formas como os temas dos atos de fala.” (p. 42)

Desta forma é estabelecida uma visão ampla de contexto que envolve toda a estrutura da sociedade e determina as interações sociais em todas as esferas sociais. Portanto, o contexto, por agregar concepções ideológicas, valores e regras, influencia em todas as formas de linguagem, seja falada ou escrita, seja formal ou informal.
Esta visão trazida por Bakhtin (1988) e complementada com aspectos da teoria do interacionismo, proposta por Vygotsky, influenciou Bronckart na criação de um modelo de análise do contexto de produção falado ou escrito, chamado Interacionismo Sócio Discursivo (ISD), onde as ações de linguagem, ou seja, as condutas verbais devem ser analisadas em situações sociais de uso nas suas dimensões discursivas ou textuais.

Bronckart - o contexto falado ou escrito

Todas as espécies animais têm forma de agir socializadas, mas o agir comunicativo verbalizado é específico do homem. Tal capacidade verbal permitiu ao homem construir e acumular conhecimentos possibilitando a autonomia e transcendendo as condições individuais (Bronckart, 2006).
Segundo Bronckart (2006) o ser humano apresenta duas maneiras de agir: geral e de linguagem. Apesar de serem apresentadas de forma distinta elas mantém uma relação de sintonia e de trocas constantes.
O agir geral é composto por atividades coletivas “que organizam as interações dos indivíduos com o meio ambiente” (Bronckart, 2006, p.138). Tais atividades coletivas “produziram o mundo econômico, o social e o semiótico, que passaram a constituir-se como uma parte específica do meio ambiente dos seres humanos” (Bronckart, 2006, p. 123), produzindo, assim, o chamado contexto.
As atividades coletivas são diversificadas e se transformam ao longo da história, levando em consideração as necessidades de sobrevivência do homem. Segundo o autor, as motivações decorrentes das necessidades causadas por regras, normas e recursos criados e organizados no âmbito coletivo e social também influenciam nas atividades coletivas.
Assim, o ambiente historicamente criado ou contexto, exerce influência sobre os comportamentos individuais e de grupos sociais e também sobre a linguagem utilizada pelos mesmos.
O agir de linguagem é a atividade de linguagem em uso. Esta atividade pode ser dividida em duas dimensões: social e individual. Na primeira, a atividade de linguagem serve para criar normas, valores, bem como para planejar, regular e avaliar as atividades coletivas. A segunda dimensão permite a apropriação e a interiorização da linguagem transformando-a em pensamento consciente (Bronckart, 2006).
O agir de linguagem é também uma ação que “refere-se aos motivos, ou seja, às razões do agir que são interiorizadas por uma pessoa singular” (Bronckart, 2006, p. 213). Assim, o agir de linguagem favorece a interpretação da ação do homem no contexto, incluindo atividades individuais e sociais.
As atividades coletivas concretas também são responsáveis pela geração do conhecimento que requerem a semiotização e se constituem em textos (Bronckart, 2006). O texto (agir de linguagem) ao ser criado é permeado por valores históricos e socioculturais que darão origem aos gêneros de determinada língua. Ao proferir um texto (realizar uma ação de linguagem) o homem reflete as atividades coletivas e as ações individuais, tornando o texto uma entidade coletivamente constituída que jamais será estável, pois o contexto se torna variável de acordo com os aspectos históricos e sociais e influencia diretamente no agir de linguagem e na forma de interação.
Ao produzir um texto a pessoa encontra-se em uma ação de linguagem que requer “representações dos três mundos: dos parâmetros objetivos; dos parâmetros sociossubjetivos; da situação de ação de linguagem e dos conhecimentos disponíveis no agente” (Bronckart, 2006, p. 146).
Tal consideração nos faz refletir que o estudo de textos/discurso deve sempre considerar o contexto de produção no qual está inserido, levando em conta a interdependência entre os fatores internos e externos e também os efeitos que exerce sobre seus leitores/interpretes.
Para Bronckart (1999) “toda unidade de ação de linguagem situada, acabada e auto-suficiente, do ponto de vista da ação ou da comunicação” (p.75) é texto e constitui a materialização do agir de linguagem.
Ao valorizar o contexto como aspecto constituinte do agir de linguagem, Bronckart (2006) traz uma concepção de texto semelhante à concepção de discurso de Bakhtin (1988). Ambos concordam que o contexto, seja ele amplo, social ou individual, interfere nas situações de comunicação tanto faladas quanto escritas.”

http://profecarolmuller.blogspot.com/ - Acessado aos 13 de dezembro de 2009, 11:02h.

Muito importante fazermos essas reflexões ao analisarmos textos. Não basta ver se é bem ilustrado, se a história é “bonitinha”, mas perceber as intencionalidades e de que forma os textos podem contribuir para a formação cidadã do indivíduo.

3 comentários:

Anônimo disse...

Muito bom esste blog!! Estava procurando material sobre os dois autores sobre discurso. Excelente!!

Anônimo disse...

Este blog é excelente! Adorei tudo o que li aqui. parabéns!

Anônimo disse...

Thera, minha história é um pouco longa... perdi um filho, tive outro, com essa perda, perdi um pouco de algumas funçōes cognitivas, voltei a universidade para buscar conhecimento, querem me dar um título!
Conheci enfim Bakhtin , Bronckart e você .
Como vê estou um pouco confusa quanto a escrita se puder me ajudar com algumas indicações bibliográficas fico muito grata!
Renata